Para quem está começando a investir em renda variável, entender a diferença entre os tipos de ações é um dos primeiros e mais importantes passos. As ações ordinárias (ON), preferenciais (PN) e as units podem parecer semelhantes, mas cada uma tem características únicas que impactam diretamente os direitos do acionista, a dinâmica de mercado e a estratégia de investimento.
Neste guia completo, você vai aprender o que realmente diferencia esses ativos, com exemplos práticos, para que possa tomar decisões mais inteligentes e alinhadas aos seus objetivos financeiros.

O que São Ações Ordinárias (ON)? O Poder do Voto
As ações ordinárias são representadas pelo final 3 no código de negociação (ex.: VALE3, PETR3). Elas são conhecidas por um direito fundamental: o direito a voto nas assembleias gerais da empresa. Ao comprar ações ON, você se torna um sócio da companhia e tem voz ativa nas decisões corporativas, como a eleição do Conselho de Administração e a aprovação de fusões e aquisições.
Apesar de serem o pilar da governança corporativa, as ações ordinárias podem ter menor liquidez no mercado, dependendo da empresa, e não oferecem prioridade no recebimento de dividendos. Para o investidor que foca em dividendos, isso é um ponto de atenção, pois as ações ON só recebem proventos após as PN, caso a empresa tenha definido essa preferência em seu estatuto.
Quem se interessa pelas ON? Investidores de longo prazo, que buscam uma participação estratégica na gestão da companhia. Fundos de investimento e grandes acionistas institucionais frequentemente priorizam as ON por causa do controle que elas proporcionam sobre as decisões da empresa.
Entendendo as Ações Preferenciais (PN): O Foco nos Dividendos
As ações preferenciais são identificadas pelo final 4 no código (ex.: PETR4, ITUB4). Como o próprio nome sugere, elas dão preferência no recebimento de dividendos e, em muitos casos, na distribuição de capital em caso de liquidação da empresa.
Essa preferência as torna extremamente populares entre os investidores que buscam renda passiva. Embora não ofereçam direito a voto (ou um direito limitado), as ações PN são atrativas por sua previsibilidade de proventos e, em geral, por sua maior liquidez no mercado, facilitando a compra e a venda.
Quem se interessa pelas PN? Investidores com perfil de renda, que priorizam um fluxo de caixa constante vindo dos proventos. Ações PN de empresas com histórico sólido de pagamento de dividendos, como Petrobras (PETR4) e Itaú Unibanco (ITUB4), são exemplos clássicos para quem busca essa estratégia. A maior liquidez também as torna ideais para traders e investidores de curto prazo.
O que São as Units? Uma Combinação Equilibrada
As units são uma inovação do mercado brasileiro e são representadas pelo final 11 no código (ex.: TAEE11, SANB11). Elas são ativos híbridos, formados por um pacote de ações ordinárias e preferenciais. A proporção entre ON e PN pode variar de empresa para empresa. Por exemplo, a Sanepar (SAPR11) é composta por uma ação ON e quatro ações PN.
O principal objetivo das units é combinar as vantagens dos dois tipos de ações em um único ativo, oferecendo:
- Um equilíbrio entre voto e dividendos: Embora o direito a voto seja diluído, o acionista de uma unit tem uma participação na governança (via a ação ON) e a preferência em dividendos (via as ações PN).
- Simplicidade e praticidade: Você compra um único ativo e já tem uma exposição diversificada entre os dois tipos de ações.
É crucial analisar a composição de cada unit, pois o percentual de ações ON e PN pode influenciar o risco e o potencial de retorno.
Tabela Comparativa: Ações ON vs. PN vs. Units
| Característica | Ações Ordinárias (ON) | Ações Preferenciais (PN) | Units (ON + PN) |
|---|---|---|---|
| Código de Negociação | Final 3 (ex.: PETR3) | Final 4 (ex.: PETR4) | Final 11 (ex.: TAEE11) |
| Direito a Voto | Sim (pleno) | Não (ou limitado) | Sim (diluído) |
| Preferência em Dividendos | Não | Sim | Sim (diluído) |
| Liquidez | Geralmente menor | Geralmente maior | Varia, mas costuma ser alta |
| Estratégia | Foco em governança e longo prazo | Foco em renda passiva (dividendos) | Combinação das estratégias |
Como Escolher o Tipo de Ação Ideal para Sua Carteira?
A decisão entre ON, PN e units não é uma questão de qual é “melhor”, mas sim de qual é a mais adequada para o seu perfil e objetivos.
Se você é um investidor que se interessa pela gestão e estratégia da empresa e quer ter poder de decisão sobre seu futuro, as ações ordinárias são a escolha certa.
Se sua meta é construir um fluxo de renda passiva e receber proventos de forma consistente, as ações preferenciais são a principal ferramenta para sua carteira.
Se você busca um meio-termo, combinando os benefícios de governança com a preferência em dividendos de forma prática, as units podem ser a melhor alternativa.
Muitos investidores, inclusive, optam por ter uma combinação dos três tipos em suas carteiras, aproveitando as vantagens de cada um para diferentes empresas e estratégias.
O Papel da Análise e do Conhecimento
Independentemente do tipo de ação, o investimento em renda variável exige estudo, análise e paciência. Entender a diferença entre ON, PN e units é o primeiro passo, mas é fundamental ir além. Acompanhe a saúde financeira da empresa, avalie a qualidade da gestão e fique atento aos fatores macroeconômicos.
O mercado de ações pode ser volátil, mas a volatilidade se torna uma oportunidade para quem tem conhecimento. Ao entender o que cada tipo de ação oferece, você estará mais preparado para construir uma estratégia sólida e alcançar seus objetivos financeiros de longo prazo.
Você já pensou em qual tipo de ação se encaixa melhor na sua carteira de investimentos?
