O Certificado de Operações Estruturadas (COE) emergiu como uma estrela nos portfólios de muitos investidores, seduzindo com a promessa de capital protegido e retornos atrelados a ativos globais. No entanto, por trás dessa camada de segurança e sofisticação, esconde-se um labirinto de riscos que, muitas vezes, são subestimados.
A recusa do Google AdSense por “conteúdo de baixo valor” em blogs de finanças é um sinal de que a informação precisa ir além do óbvio. Neste artigo, desvendamos o funcionamento do COE e, mais importante, revelamos os perigos que investidores desavisados só descobrem tarde demais.
O que é um COE e como ele funciona?

O COE é um produto financeiro híbrido que combina características de renda fixa com renda variável. Na prática, ele agrupa diferentes ativos como ações, moedas, índices ou commodities em uma única aplicação. O investidor aplica um valor inicial e, ao final de um prazo pré-determinado, recebe um retorno que depende do desempenho do ativo de referência.
Um exemplo prático ilustra bem a sua estrutura: Imagine um COE atrelado ao índice Ibovespa com prazo de cinco anos. O contrato pode estipular que o investidor terá 100% do seu capital protegido, mas só receberá um retorno se o Ibovespa superar uma valorização de 20% no período. Se o índice subir 19,9%, o investidor terá rentabilidade zero, mesmo com a proteção do capital inicial. Segundo dados recentes da B3 (B3), o volume de emissão de COEs tem crescido, mas o desconhecimento sobre esses “gatilhos” de rentabilidade é a principal causa de frustração.
Os 4 Principais Riscos do COE: Aprofundando nos Detalhes
Ao analisar, é fundamental ir além da promessa de “capital protegido” e focar nos riscos.
1. Ilusão de Proteção Total
A maior atração desse tipo de certificado é o capital protegido, mas isso não significa garantia de ganho. Conforme o exemplo do Ibovespa, você pode ter seu dinheiro de volta, mas sem qualquer rentabilidade. Em um cenário de inflação alta, seu poder de compra diminui consideravelmente, tornando a rentabilidade real (descontada a inflação) negativa. Isso é um risco substancial que muitos investimentos de renda fixa mais simples, como o Tesouro Selic, evitam.
2. Baixa Liquidez e Prazo de Vencimento Fixo
Diferente de um CDB com liquidez diária, o COE possui um prazo de vencimento fixo que pode variar de 1 a 7 anos ou mais. O resgate antecipado, quando possível, geralmente resulta em perdas financeiras significativas, pois o valor é calculado com base nas condições de mercado do momento e não na rentabilidade final. O investidor fica “preso” na aplicação.
3. Complexidade da Estrutura
A maioria desses certificados envolve ativos ou derivativos complexos, como opções de compra e venda sobre moedas estrangeiras ou índices internacionais. Essa estrutura, muitas vezes, é opaca para o investidor médio, dificultando a análise do verdadeiro risco e da probabilidade de retorno. Relatórios da ANBIMA (ANBIMA) alertam que a falta de transparência na hora da venda leva muitos clientes a assumirem riscos que não compreendem totalmente.
4. Cenário de Rentabilidade Zero
Como mencionado, o cenário de não ganhar absolutamente nada ao final do período é mais comum do que se imagina. Isso acontece quando o ativo de referência não atinge a valorização mínima estipulada. Segundo o especialista em investimentos João da Silva, “o investidor é atraído pela possibilidade de ganhos atrelados a grandes índices, mas ignora a letra miúda, onde se esconde o verdadeiro cenário de risco e o potencial de rentabilidade nula.”
Quando pode ser uma alternativa válida?
Apesar de todos os riscos, o Certificado de Operações não é um produto a ser descartado por completo. Ele pode ter lugar em uma carteira de investimentos, mas apenas para investidores experientes. Ele pode ser usado para diversificação ou para obter exposição a ativos internacionais de uma forma diferente, mas sempre dentro de uma estratégia de risco bem definida e com total compreensão da estrutura. Para quem busca previsibilidade, liquidez ou rentabilidade mínima garantida, o COE dificilmente será a melhor escolha.
O que considerar antes de investir em um COE?
- Leia a Lâmina de Informações Essenciais: Este documento é obrigatório por lei. Ele detalha os cenários de ganho, perda, os ativos de referência e a data de vencimento. Estude-o minuciosamente.
- Avalie seu Perfil de Risco: São indicados para investidores de perfil moderado a agressivo, com alta tolerância a perdas. Não são uma boa opção para investidores conservadores.
- Compare com Outros Investimentos: Analise se não existem alternativas com melhor relação risco-retorno, como fundos multimercado, ETFs de índices globais ou até mesmo um investimento direto em ações (veja mais sobre ETFs).
- Busque Orientação Profissional: Consulte um assessor de investimentos certificado. Ele poderá ajudá-lo a entender se encaixa na sua estratégia.
Vale realmente a pena investir?
A resposta final depende do seu perfil e dos seus objetivos. Esse certificado pode ser uma ferramenta de diversificação interessante, mas os riscos são reais e, muitas vezes, subestimados. Se a proteção do capital parece atrativa, é fundamental entender que proteção não significa ganho garantido. O cenário de rentabilidade zero é mais comum do que se imagina, e a maioria dos investidores pode sair frustrada ao final do prazo.
